Rir sem batota

 Por duas vezes pareceu um sonho. Por duas vezes eu te procurei. Num segundo, feliz pelo momento em si. No segundo a seguir, consciente da triste verdade.
 Não sei se me disseste que estava bonita. Não sei se me tiraste alguma fotografia. Não sei se me aqueceste. Não sei se me apoiei em ti. Não sei se dancei contigo. Não sei se estiveste sempre a olhar para mim. Não sei se estiveste ao meu lado. Não sei se eras tu quando eram outras pessoas. Não sei se eras tu quando eu queria que fosses. Não sei se sabes, mas procurei por ti...
 Dói não saber se estás comigo, mas dói mais ainda saber que eu não estou contigo. Dói saber que nunca mais vou sentir a serenidade dos teus olhos, a segurança dos teus braços e o conforto das tuas palavras. Dói por doer. Dói procurar por ti e não te encontrar...
 Faz parte de mim acordar com um aperto no peito e colocar um sorriso no rosto. Faz parte de mim olhar para a tua fotografia quando vou dormir e desejar que voltes. Faz parte de mim dizer que está tudo bem mesmo sendo mentira. Faz parte de mim sorrir e brincar quando a minha vontade é chorar. Faz parte de mim ter momentos de força para continuar a lutar por uma vida que valha a pena, mas também faz parte ter momentos de extrema tristeza e angústia por não te ter. Faz parte brincar às escondidas e nunca te conseguir encontrar...
  O meu baile de finalistas foi este fim de semana. Como já disse, procurei-te, duas vezes. Estranho, não é? Mas é verdade. Nunca me tinha acontecido, esquecer-me. Mas esqueci-me e esperei por ti. Esperei pela tua chegada, costumavas chegar sempre atrasado. Mais tarde, voltei a esquecer-me e procurei-te ao lado da mãe e do mano. Por duas vezes senti vergonha por deixar o meu inconsciente apoderar-se assim tão facilmente de mim. E senti um vazio como quando soube e não te sei explicar ao certo o porquê. Talvez por ser um momento importante e querer que o vivesses comigo. Talvez porque havia tanta gente e era teu dever estares lá também. Talvez porque, depois de me esquecer, voltava a lembrar-me de ti e de todas as sensações boas que me deste e más que me dás. Talvez porque a tua partida me impede de ter momentos de pura felicidade. Talvez por não poder mostrar a todos como me sinto realmente. Talvez por me ter obrigado a não tirar a máscara. Talvez porque me fazes tanta falta e não pensaste nisso a tempo. Talvez porque eu te procuro e não te encontro...
 Por todas estas razões e muitas mais, há o vazio que deixaste com a tua partida. E faz doer. E essa dor relembra-me da quantidade de lágrimas e saudades que tenho. E dá-me vontade de desistir. E faz-me sentir despedaçada. Mas também é por ela que continuo a viver. Enfeitiço-a com gargalhadas e acalmo-a com distrações. E assim os dias se passam sem a tua presença.
 Pai, vamos brincar às escondidas, mas desta vez sem batota. Preciso de te ver, dizer a todos que te encontrei e rir contigo. Vamos rir juntos.


Tua menina, 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Um dia

Só assim

Sem ti é assim