Há sempre mais

 Sei que me persegues. Como o ar. Uns dias permites que te sinta. Outros sopras-me ao ouvido e foges. Onde quer que vá, com quem quer que esteja, o que quer que faça, vais estar sempre comigo. Seja pelo bem, seja pelo mal. Nunca me perguntaste se te queria. Se o tivesses feito, não saberia o que responder.
 Sei que me decifras. Como a água. Percorres consciente e inconsciente. Sinto-me nua. Fico espantada com o resultado. Não tenho medo do que és capaz. Tenho medo do que possas pensar. Não te assustes com tudo o que lês, não é tão mau como parece. Pede-me permissão e ajudo-te a descobrir.
 Sei que me guias. Como a terra. Formas caminhos e eu sigo-te. Por vezes sem escolha. Não é obrigação. Não é dever. É aquilo que me dás. Desafiei-te. Deste-me o caminho mais difícil. Aprendi que não me posso queixar, nem o quero fazer. Só te peço que seja finito. E que não me faças tropeçar na chegada.
 Sei que me preenches. Como o fogo. És energia. Positiva e negativa. Há sempre uma consequência depois de ti. Há sempre uma fonte que te renova. Há sempre uma memória que te mantém vivo. Há sempre um calor que me chama. Há sempre um toque que me explora. Há sempre um pedido que te faço. Ama.



Tua S.

Comentários

  1. Belo, profundo... E místico, ressuscitando o misticismo do passado, entretanto suavizado nalguns textos mais recentes (não por isso menos belos). Cada palavra carrega consigo um enorme sentimento, com uma subtileza arrepiante!

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