"Crescer é a tua obrigação, ninguém te vem ensinar"
Nove meses passados. E está tudo tão diferente agora. Gostava de saber se sabes o que está a acontecer cá em baixo e se sabes o que sinto. Aliás, o que eu gostava mesmo era de partilhar contigo a situação presente e de te dar todo o mal-estar que isso me causa. Entregava-te todo este sofrimento para que o levasses para bem longe daqui, já que o causador foste tu e também te foste.
Não estou chateada, apenas sinto a tua falta. Sinto uma tremenda falta de passear contigo. Sinto falta de te dar a mão, de olhar para os teus olhos e de ouvir a voz. Sinto também falta de sentir a horrível dor no meu peito por não te ter. Já não sinto essa dor e isso aterroriza-me. Aterroriza-me porque era o que te mantinha vivo, era o que restava de ti. Não é a mesma coisa sentir falta e dor.
Sabes do que me arrependo? De não te ter dado um beijo de despedida quando entraste para a ambulância. Perguntaste-me se tinha posto tudo na mala e disse que sim. Olhei-te nos olhos e pensei "Vai correr tudo bem, aguenta-te". Pensei mas não disse nada. Nem um até já. Quando o bombeiro disse que a máquina da tensão não detetava pulsação, parte de mim se quebrou. Quis subir para a carrinha e ficar do teu lado, mas tinha de ficar em casa. Estava em choque. Não conseguia dormir. O mano também não. Lembro-me que fui arrumar loiça e varrer o chão. Que coisa mais interessante de se fazer às tantas da noite! Acabamos por adormecer no sofá e só acordamos quando a mãe chegou já de madrugada. Fui para a minha cama e acordei mais tarde com um choro. Tinham ligado do hospital a pedir para a mãe ir lá. Ela dizia que percebeu tudo pela voz da pessoa que lhe ligou. Perguntei-lhe para quem devia ligar para ir com ela. Ela não sabia, só chorava e andava de um lado para o outro. Eu disse-lhe que talvez fosse só para ver como estavas, nem mesmo eu acreditando no que dizia.
Horas mais tarde vieram dar-me a notícia. Dizem que há um momento antes de morrermos em que revivemos toda a nossa vida. Foi o que aconteceu comigo. Fechei os olhos e, ao mesmo tempo que o meu pequeno ser desabava num choro agoniante, revivi passado e imaginei futuro. Numa questão de segundos, milhares de imagens me surgiram à mente. "Então e agora?" foi o que perguntei. Não havia resposta possível que acalmasse um coração despedaçado. Nem abraços suficiente que me amparassem.
Depois de tanto tempo, de tantos sentimentos, de tantas situações, sei que cresci. A tua ausência martiriza-me tanto como me ensina. Sozinha ou não, obrigação ou não, cresci e agradeço-te por isso, porque era um desejo meu continuar a aprender contigo. Quero também agradecer-te por de vez em quando apareceres nos meus sonhos, serás sempre bem-vindo. E desculpa os meus momentos de esquecimento, o desejo de te querer comigo faz-me sonhar coisas impossíveis.
Não estou chateada, apenas sinto a tua falta. Sinto uma tremenda falta de passear contigo. Sinto falta de te dar a mão, de olhar para os teus olhos e de ouvir a voz. Sinto também falta de sentir a horrível dor no meu peito por não te ter. Já não sinto essa dor e isso aterroriza-me. Aterroriza-me porque era o que te mantinha vivo, era o que restava de ti. Não é a mesma coisa sentir falta e dor.
Sabes do que me arrependo? De não te ter dado um beijo de despedida quando entraste para a ambulância. Perguntaste-me se tinha posto tudo na mala e disse que sim. Olhei-te nos olhos e pensei "Vai correr tudo bem, aguenta-te". Pensei mas não disse nada. Nem um até já. Quando o bombeiro disse que a máquina da tensão não detetava pulsação, parte de mim se quebrou. Quis subir para a carrinha e ficar do teu lado, mas tinha de ficar em casa. Estava em choque. Não conseguia dormir. O mano também não. Lembro-me que fui arrumar loiça e varrer o chão. Que coisa mais interessante de se fazer às tantas da noite! Acabamos por adormecer no sofá e só acordamos quando a mãe chegou já de madrugada. Fui para a minha cama e acordei mais tarde com um choro. Tinham ligado do hospital a pedir para a mãe ir lá. Ela dizia que percebeu tudo pela voz da pessoa que lhe ligou. Perguntei-lhe para quem devia ligar para ir com ela. Ela não sabia, só chorava e andava de um lado para o outro. Eu disse-lhe que talvez fosse só para ver como estavas, nem mesmo eu acreditando no que dizia.
Horas mais tarde vieram dar-me a notícia. Dizem que há um momento antes de morrermos em que revivemos toda a nossa vida. Foi o que aconteceu comigo. Fechei os olhos e, ao mesmo tempo que o meu pequeno ser desabava num choro agoniante, revivi passado e imaginei futuro. Numa questão de segundos, milhares de imagens me surgiram à mente. "Então e agora?" foi o que perguntei. Não havia resposta possível que acalmasse um coração despedaçado. Nem abraços suficiente que me amparassem.
Depois de tanto tempo, de tantos sentimentos, de tantas situações, sei que cresci. A tua ausência martiriza-me tanto como me ensina. Sozinha ou não, obrigação ou não, cresci e agradeço-te por isso, porque era um desejo meu continuar a aprender contigo. Quero também agradecer-te por de vez em quando apareceres nos meus sonhos, serás sempre bem-vindo. E desculpa os meus momentos de esquecimento, o desejo de te querer comigo faz-me sonhar coisas impossíveis.
Tua S, ♥
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