Transcendência

 Para tudo há um limite. Quando chegamos perto de um limite, quando o vimos diante de nós, sabemos que estamos perto do perigo. É como o fogo, quanto mais próximo mais quente, mais probabilidades há de queimar. Nesse momento, e apenas nesse momento, quando encaramos o limite, temos uma coisa nas mãos: a decisão de avançar ou recuar. Mas há alguém que consiga tomar uma decisão acertada num momento de pressão? Não, não acho que haja. Se houver, olha, que bom para essas pessoas, sinto inveja por terem essa capacidade. A capacidade de decidir, perante o limite, e sobretudo, o perigo, se querem avançar ou recuar.
 Nada disto significa que ultrapassar limites seja algo propriamente mau. Como se o perigo fosse um monstro das cavernas. Pela definição, limite é o momento que corresponde ao fim ou começo de algo. A partir disto temos dois tópicos que nos podem ajudar a classificar limite como bom ou mau: ou esse limite acaba com algo mau e cria algo bom ou acaba com algo bom e cria algo mau. Isto todos nós sabemos. Até mesmo a pessoa mais fraca é capaz de perceber isto no momento da decisão. O problema, muitas das vezes, reside em não conseguir tomar a tal decisão por medo do futuro. Ou por não conseguir ver o cenário todo. Ou por alguma coisa ou alguém a impedir de ver a situação com clareza. 
 No entanto, há sempre exceções. As pessoas não são iguais. Aquilo pelo qual vivemos e lutamos não é o mesmo. São feitos estudos dos comportamentos que enquadram uma maioria, e é apenas isso, uma maioria, não a população toda. Tudo o que disse anteriormente é verdade, claro, mas para uma maioria. Há limites. A noção de limite não é igual para todos. A visão do limite não é percetível a todos. A importância da decisão não tem o mesmo valor para todos. O fogo não queima todos na mesma intensidade. O perigo não assusta todos da mesma forma. 
 Hoje vi um limite. Lutei conta ele. E rendi-me perante ele. Nem sempre há o momento para encarar o limite. Quando menos esperamos a decisão foi tomada inconscientemente, sem permissão da verdade e da justiça, e estamos frente a frente com o tão assustador e perigoso limite. Hoje vi um limite e o que há para além desse limite. Escuridão. Loucura. Medo. Raiva. Fogo. 
 Sei que consigo voltar atrás. Sei que, bem no fundo, sou capaz de encontrar a decisão que me foi tirada. Sei que posso voltar para o meu conforto. Para o nosso espaço. Para ti. 

" - And so the lion fell in love with the lamb...
  - What a stupid lamb.
  - What a sick, masochistic lion. "


Tua S, 

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